Quando pensamos nas pessoas que mais mostraram a sua dedicação e carinho por Vila Praia de Âncora, salta-nos logo à cabeça o Doutor Luís Inocêncio Ramos Pereira.
Como era de prever nenhum dos alunos do grupo conheceu tão importante figura, contudo desde pequenos que ouviram as historias, que os mais velhos contavam, a respeito de tal pessoa, ou então, quando no parque brincavam, de certo repararam no busto em homenagem a Ramos Pereira.
E perguntam-se, quem foi Ramos Pereira? Está na hora de contar a história do Homem, que mais lutou pela nossa vila.
Doutor Luís Inocêncio Ramos Pereira, nasceu a 18 de Setembro 1870, no Porto. Filho de José Bento Ramos Pereira, natural de Riba de Âncora.
Formou-se em Medicina na Universidade do Porto em 1897.
Era membro do Partido Republicano desde 1890, altura em que foi lançado o Ultimato por parte de Inglaterra. Foi ele quem formou o Partido Republicano em Caminha.
Aquando da instauração da República, fez parte das primeiras constituintes, sendo eleito deputado pelo círculo de Viana do Castelo.
Até 1926 foi eleito senador por essa cidade.
Foi ele que mais se empenhou a elevar Gontinhães a vila, tendo tal acontecido em 1924 pela Lei de 1616.
Por todo o seu trabalho, como medico, recebeu do governo a comenda da Ordem de Cristo.
Morreu em 22 de Julho de 1938,
“Ramos Pereira Entre Amigos”
Nesta frase podemos ver toda a admiração, que este Homem nutria por tão singela Vila.
Por ter sido tão importante, foi, em sua homenagem posto o seu nome na Avenida à beira mar, e no parque infantil o seu busto.
Em 08/05/1992, a Assembleia de Freguesia aprovou a elaboração do símbolo heráldico de Vila Praia de Âncora, que ficou a cargo de Domingos Vasconcelos e Álvaro Meira.
Foi a 17 de Setembro de 1993 que nasceu o nosso Brasão.
Brasão- Escudo verde, contrachefe ondado de prata e verde em barra, três faixetas ondadas de preto e azul, brocante, âncora de ouro. Coroa mural de quatro torres de prata. Listel branco, com legenda em caracteres maiúsculos e a negro "Vila Praia de Âncora".
Bandeira- Esquartelada de verde e negro. Haste e lança de ouro.
Desenhado em pastel por um dos elementos do grupo.
Texto trabalhado com fontes do livro "Roteiro do Vale do Âncora"
«No tempo em que não havia nome de Portugal, a Rainha desta terra, que ia desde a Galiza até Gaia, tomou-se de namoros com um fidalgo marroquino. Chamava-se a Rainha Dona Urraca e o mouro Alboazar. Bem ela afirmava o seu amor ao Rei Dom Ramiro, mas o coração fugia-lhe para longe. Um dia a renegada, perdida de amores, fugiu com o marroquino para um castelo em Gaia. Julgava-se ali segura e feliz!
O pobre Rei D. Ramiro viu-se sem esposa e sem honra! Tal ultraje e afronta não podia ficar assim. Temia envolver numa guerra todo o seu exército, aquando a traidora fugisse para mais longe. Por isso resolveu tomar outras medidas. Vestiu-se de pobre mendigo. E embarcou numa pequena barca, que foi descendo pela costa até entrar pelo rio dentro. Aí informou-se da presença da mulher. Era verdade! Eles estavam naquele castelo, em descurada vigilância, entregues à paixão.
Assim, numa noite de breu, roubou a esposa enquanto todos dormiam. Correndo para um navio que ali estava atracado, subiu pelo mar até um lugar chamado de Gontinhães, na foz de um pequeno rio, onde atracou para descansar. Aqui chegado, contou aos seus fidalgos e aos seus filhos a traição da rainha, pedindo-lhes ajuda para dar a melhor justiça, a tão vil acto de sua mulher. Todos ouviram com muita tristeza a tamanha maldade daquela mulher. O Infante D. Ordonho, com as lágrimas pelos olhos, disse a seu pai:
- Senhor, a mim não cabe falar, porque é minha mãe! Não digo senão que olheis pela vossa honra!
Mais ninguém ousou dizer alguma coisa ao Rei. Como era noite, foram todos descansar, deixando a rainha presa, junto com as mulheres que estavam com ela. No dia seguinte foram dizer ao Rei que a Rainha estava a chorar. Logo o Rei disse:
- Vamos vê-la!
Foram todos os conselheiros com ele. Quando chegaram junto dela, perguntou-lhe o rei:
- Porque é que chorais?
- Porque mataste Alboazar, que era muito melhor que tu!
Todos ficaram horrorizados com semelhante afronta! O Infante, não querendo acreditar no que ouvira, só teve tempo para dizer:
- Isto é obra do diabo! Meu pai, o que fareis com ela? Ela ainda vai fugir novamente!
Então o Rei amarrou a esposa traidora a uma âncora e lançou-a ao mar! Orgulhoso, não a deixou nas mãos do inimigo, mas, ofendido na sua honra, também não a quis para si.
Abandonando D. Urraca no fundo do mar presa à âncora, regressou D. Ramiro ao seu castelo. A partir daquele dia, o rio onde tal sucedeu passou-se a chamar Rio Âncora!
Veja-se Alves (1985:477): “é tradição muito antiga, referida por vários historiadores, inclusive, i Conde D. Pedro no seu “Nobiliário”, que o rio Âncora e, posteriormente, as localidades vizinhas devem este nome ao facto de «a rainha D. Urraca em castigo de adultério ter sido afogada neste rio, por ordem de El-Rei D. Ramiro II e de seus filhos, com uma âncora presa ao pescoço». Verdade ou ficção o mesmo motivo vai apaixonar Garrett que o imortalizou no seu «Cancioneiro», deixando-nos a historia da morte de D. Gaia, suposta mulher de Ramiro, por ela afogada nas aguas do rio Douro…”
A versão de Gaia, esposa do Rei Ramiro, é-nos dada por Teófilo Braga (vol. II. 1999: 171-173). Nesta versão Gaia morre no local a que se dá o nome. Ramiro usa de um estratagema ardiloso para escapar às mãos de Alboazar (umas vezes referido como Almançor e outras como Abencadão, e no nosso texto Alboazar. No referido Livro Velho das Linhagens, Alboazar é o filho de Ramiro e de D. Alda, a baptizada Ortiga, moura que fora companheira de Gaia e que Ramiro havia raptado.) e conseguiu matá-lo. Esta narrativa está dentro da tradição da poesia árabe e herda o imaginário dos amores do jovem poeta Murakkich, vindo, assim, a adaptar-se às lendas nacionais.
A lenda aqui narrada insere muitos elementos que nos foram transmitidos por Domingos Luís Verde, de Vila Praia de Âncora.»
Retirado do Livro "Lendas do Vale do Minho", Maio 2002, Associação de Municípios do Vale do Minho
O propósito do texto publicado na terça-feira, 9 de Outubro, era uma introdução para relatarmos um pouco sobre a história da nossa vila. Pois muito bem, aqui vai ela…
A arqueologia provou que muito antes do séc. XII, esta vila fora habitada por celtas, fenícios, romanos, árabes, normandos e gastões e prova disso são os vestígios de história, como monumentos e objectos, que por cá deixaram.
Era uma «vila» agrária escondida das vistas do mar, cujo nome proveio da paróquia ou da freguesia de Guntilanis, Gontinhães (nome germânico), onde se erguia já a velha Igreja Matriz.
Sabe-se também que Bulhente, contemporaneamente um lugar da vila, fora habitado por homens de outra terra, homens estes descendentes de Nuno Velho, evidenciando Gontinhães como uma terra de conquista. Bulhente era um aldeamento contemporâneo onde os povoadores alçaram uma pequena capela dedicada ao Divino Salvador. Porém, em 1321, no Censual da Terra de Vinha, já não figurava como ermida, mas sim como «yglesia», ou seja, como freguesia, contudo, em consequência da crise portuguesa e europeia Bulhente «hé tornada sem cura porque non tinha freigueses».
Continua…
Curiosidade:
Mas afinal quem era Nuno Velho? E vocês imaginam um homem barbudo, submerso em rugas que mal se distinguem na pele morena e gasta, que cambaleia a cada passo e tem necessidade de beber a sopa por uma palhinha! Pedimos desculpa por não podermos satisfazer a vossa imaginação sobre as características físicas, porém acrescentamos que era um homem importante da corte de D. Afonso I. Nuno Velho ou «Nuno Vetulus», filho de D. Soeiro Nunes e de D. Aldonça Nunes, fora um dos magnates da escola do Conde D Henrique.
Texto tratado e elaborado pelo grupo de trabalho.
Sim, é o modo mais formal de começar a narrar uma história, todavia a que temos para contar é tal e qual como todas as outras histórias possíveis e imaginárias, estruturadoras de aventuras mágicas produzidas na mente humana. Exemplos delas são:
· As de fantasia preenchidas, parcialmente, pela fértil e inocente imaginação das crianças, como a do João que sobe pelo pé de feijão e vai de encontro a um enorme castelo sobre as nuvens ou mesmo a dos dois irmãos, Hansel e Gretel, que pelo meio da floresta descobriram uma casinha feita de chocolate (para saber mais sobre esta história clique aqui; sim, sim, todos temos uma criança no interior!);
· Mas não só os contos de fantasia encantam milhares de pessoas, cada uma com seu gosto. Então, e toda a história do surgimento do Universo, o Big-bang? E a toda a evolução do Homem desde o macaco ao actual (desde o peludo ao depilado, do corcunda ao “peito de pavão”, do com dentes próprios ao da placa, etc)? E inclusive todo o processo de construção da habitação onde reside faz parte de um historial.
O ponto de vista onde se pretende chegar é que, de facto, Vila Praia de Âncora tem uma narração tão fantástica como qualquer outro conto! Possui uma lenda absolutamente colorida aos olhos de quem a escuta atentamente e o rio que a completa, um todo património histórico, urbano e religioso apetrechado com uma pitada de entusiasmo e simpatia dos curiosos!
Não diremos para já o famoso “…e viveram felizes para sempre!”, porque ainda nos encontramos no início desta looooonga história, que esperamos sinceramente que agrade a todos!
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